Em 2022, a Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação do IFG – Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Goiás, publicou o edital PROAPP 42/22 para estruturação dos eixos de pesquisa do Polo de Inovação. Para estruturar o eixo de Cultura, Memória e Patrimônio, pensou-se, entre outras atividades, em integrar os pesquisadores da instituição na produção de um livro sobre a Cidadania e a Democracia no Brasil. Isso porque, em 2024, o golpe que interrompeu a democracia brasileira em 31 de março de 1964 completou 60 anos.
Ao longo de nossa história, a democracia brasileira já foi defendida e interrompida por civis e militares, ricos e pobres, religiosos e ateus, católicos e evangélicos, homens e mulheres, jovens e idosos, intelectuais e analfabetos e antes e depois do advento da internet. Dessa forma, não se trata de uma visão de mundo de um ou de outro grupo, mas de um imaginário de exaltação de regimes autoritários capaz de penetrar nos mais variados espectros da nossa sociedade, o que constitui um desafio enorme para entender e explicar, e um grande problema para superarmos enquanto nação.
A democracia no Brasil é frágil e constantemente interrompida. 60 anos após o golpe de 31 de março de 1964, o Brasil parece não ter amadurecido o suficiente para ter uma democracia sólida. O reflexo de tantos anos de interrupção da democracia no Brasil ainda pode ser visto no fato de que, 60 anos após o último golpe, uma ditadura ainda é uma ameaça real. Por que ainda não viramos essa página? Por que temos essa tradição autoritária? Por que parcela significativa da população tem mais apreço por governos autoritários a governos democráticos? São perguntas complexas de difícil resposta. Este livro não se propõe a uma resposta definitiva. Se propõe, porém, a analisar alguns objetos que, juntos, nos trazem algumas reflexões sobre porque a democracia brasileira é constantemente interrompida ao longo da nossa história.
João Oliveira Ramos Neto