A presente obra é resultado do trabalho de Doutorado em História desenvolvido no Programa de Pós-Graduação em História, na Linha de Pesquisa “Fronteira, Política e Sociedade”, na qual contou com a realização da Escala Discente de Posgrado pela Associação das Universidades do Grupo Montevideo (AUGM) e com apoio de bolsa de Doutorado Sanduíche no Exterior, Edital CAPES 019/2016 entre os meses de setembro e dezembro de 2017, na Universidade de Coimbra.
A obra investiga o federalismo defendido na Revolução Federalista de 1893 a 1895, a partir da análise da trajetória política de Gaspar Silveira Martins, suas redes de influência, averiguando as divergências internas do grupo dos federalistas, no contexto de redefinição política do Estado brasileiro. Nesse sentido, abordamos as respostas dadas por Silveira Martins e os federalistas frente à reestruturação do Estado Nacional brasileiro com a recente proclamação da República: a defesa para a derrubada de Floriano Peixoto do poder pela Revolução e expansão para outros Estados, criação de um Governo Provisório com objetivo de ser uma Junta Governativa como possibilidade do sul do Brasil tornar-se um Estado beligerante, como uma República Unida aos Estados Unidos do Brasil, com soberania de negociar com outros Estados Nacionais de seu interesse e poder de separação do Rio Grande do Sul e união ao Uruguai e Argentina. Nesse viés, a obra também demonstra que a denominação “federalista” abrigou grupos políticos alinhados a diferentes lideranças que estavam unidas na Revolução Federalista e que divergiram em alguns pontos a respeito dos rumos dela, identificando-se por meio das intrigas entre os demetristas e gasparistas. Nesse sentido, o livro traz para o leitor uma intensa pesquisa realizada em arquivos e fontes histórias de países como Brasil, Uruguai, Argentina, Portugal, França, entre outros, que mapeou os vínculos externos presentes na Revolução Federalista, através da trajetória de Gaspar Silveira Martins, por meio das suas experiências enquanto liberal, fronteiriço, desterrado do Brasil em direção à Europa (exílio), das notícias e informações que circularam na Europa e na região fronteiriça platina, demonstrando que a Revolução esteve em pauta nos assuntos internacionais em fins do século XIX, atraindo os interesses do Governo Republicano, dos Estados Unidos e dos países europeus.
Assim, a herança farroupilha e federalista de Gaspar Silveira Martins demonstra como a região fronteiriça platina foi um espaço de poder e circulação de ideias e capaz de oferecer respostas e projetos para a organização do Estado Nacional Brasileiro com objetivo de manter suas autonomias locais e os direitos conquistados. A vulnerabilidade da República e o seu federalismo instaurado, fez emergir o perigo da desintegração e da separação do Rio Grande do Sul, bem como uma outra proposta de federalismo por parte de Gaspar Silveira Martins na Revolução Federalista.

Obra disponível na versão impressa. Contato do autor(a): monyrossato@gmail.com